sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Victor

Primeiramente, creio que de todas as formas de linguagem, a escrita seja, para mim, a pior forma de manifestação. Então, me desculpem se o texto não está bom...


Começarei sem falsas ilusões: ele tem defeitos. E muitos. Diria até que mais defeitos que qualidade. Porém, cada qualidade dessa possui uma proporção tão grande que os inúmeros defeitos, que antes poderiam incomodar, se tornam pequenos, vazios, insignificantes.
E com o passar do tempo, os pontos ruins se entrelaçaram aos bons e o menino que sentava do outro lado da sala se transformou em amigo e o amigo se transformou em MELHOR AMIGO, essencial e insubstituível.
E, hoje, dizer que o amo tornou-se pouco, porque sua amizade é fundamental para tornar meus dias mais alegres, minhas manhãs mais ensolaradas e minha vida mais feliz.
E até mesmo sua mania de procurar motivos para não ser feliz, de sofrer antecipadamente o que a vida lhe reserva me parece agradável. Eu aprendi com ele em um ano o que não aprenderia em uma vida inteira sozinha. Aprendi que realmente há pessoas boas no mundo (e ele é uma delas), que existem amigos de verdade em quem eu posso confiar de olhos fechados, que julgar as pessoas sem conhecê-las não faz o menor sentido e aprendi que apesar das pedras que encontramos no caminho e das brigas, ter ele como amigo não tem preço.
Às vezes na correria do dia-a-dia, esquecemos de dizer como é importante ter um amigo de verdade que seja leal, paciente, prestativo, confidente, um pouco melodramático preciso confessar, mas extremamente bom de coração e alma.
E por isso estou aqui, para poder dizer que mesmo que às vezes as coisas não andem muito bem entre a gente, que nossas opiniões se oponham, que nossas agendas não coincidam e que a vida nos empurre para lados opostos, estarei sempre de mãos dadas e dedos entrelaçados com você, te ajudando a levantar quando você cair e te carregando se for preciso, ouvindo todos os seus problemas, dizendo o que você precisa mas não quer ouvir, enfim, sendo sua amiga para o que der e vier, porque se existe alguém que mereça toda minha lealdade, esse alguém é VOCÊ.
Por você ser o que é e escrever páginas tão importantes na minha vida eu prometo amar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza sendo sua amiga para sempre, mesmo que o pra sempre não exista.
E mesmo que de hoje em diante nossas vidas tomem caminhos diferentes e que daqui a 10 anos, 10 dias ou 10 minutos nenhuma dessas palavras tenham mais sentido para nós, espero que nunca esqueçamos que cada sorriso foi sincero, cada segredo foi muito bem guardado, cada “eu te amo” foi de coração, que cada sonho foi compartilhado, cada conselho foi de amigo, cada lágrima foi de amor...
E que o mundo inteiro saiba, amigos de verdade existem, estamos aqui para provar isso e mesmo que nossa amizade não seja infinita, vai ser eterna em nossos corações.

Te amo muito, meu melhor AMIGO, meu mozão,namoradinhodanamoradinha
Pamela Rangel

sábado, 11 de julho de 2009

Grillet e o seu Ciúme

“Temos, para as fileiras seguintes: vinte e três, vinte e um, vinte e um, vinte e um. Vinte e dois, vinte e um, vinte, vinte. Vinte e três, vinte e um, vinte, dezenove etc.”

Apesar de muitos críticos acharem que os romances do Nouveau Roman francês sejam ruins, Alain Robbe-Grillet prova justamente o contrário com o seu O Ciúme. Com uma prosa distante, em que os fatos, de forma repetitiva, contam-se e recontam-se, Grillet situa o seu romance na costa africana, cujo calor abafador cria uma atmosfera, onde o ciúme prospera. Personagens, em suma maioria, praticamente anônimos, acontecimentos apáticos, situações repetidas, por vezes, o romance, por tais fatos, torna-se cansativo, entretanto, nem nas maravilhosas prosas de Machado e Proust a atmosfera vivida por um ciumento é tão fielmente, cruelmente e secamente tratada. O enredo é simples, apenas três personagens centrais: o ciumento, a sua mulher, e pseudo-amante; mesmo com o desenvolvimento, o leitor não descobre se há ou não o adultério. Enfim, é um bom livro, contudo é necessário paciência, uma vez que, por melhor que seja o romance, não há de se negar que é cansativo decorrente a passagens em que o narrador conta a quantidade de palmeiras existentes no jardim, ou quando analisa os ângulos das projeções feitas pela sombra do pilar iluminado pelo sol e as inúmeras cenas repetidas, como a morte da lagartixa e a escada cujo corrimão há farpas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O castelinho de areia



"All these moments of meekness and trembling subsided
In the outright abandon of this orphan child"

A criança corria de um lado para o outro, pegava a areia com certo frisson e ansiedade, e levava para aquele seu monte, que o chamava de castelo. As ondas estavam longes, a maré era baixa, tinha ele a certeza que as ondas não chegariam aquele castelo, seria indestrutível e eterno, algo para sempre se orgulhar; mas não há de se negar que não seria; o seu correr, o seu cansar, o seu trabalhar, tinha dado tudo isso em nome daquele monte de areia. A criança provocara um incomodo as gentes na praia, não permitia chegar ninguém perto de sua obra, além de ter a coragem de pegar a areia dos outros castelinhos, era visível que as outras crianças choravam, brigavam, mas isso não o importava, ele iria construir o castelo de areia, afinal, ele podia, seu pai o aplaudia, os outros observavam com complacência, fora ele esperto, que mal tem, os outros que protegessem melhor o castelo de cada. O pai, nas poucas vezes que olhava para a cria, sorria para a criança, provavelmente não sabia o que ocorria, os seus olhos estavam longes e vermelhos, estava na graça ébria; a criança ainda ficava mais feliz e alegre, achava que aquele supérfluo sorriso era honesto, era ali, era neste momento que poderia mostrar o seu valor ao progenitor, e, com seus dedos pequeninos e roliços, montava mais e mais o seu castelo de areia. O sol rachava-lhe. O castelo se tornava mais e mais alto – quanto mais grande melhor- refletia a criança – serei mais, serei grande, papai vai ficar feliz. Correu até o quiosque, e pedia para o pai descer, mas o pai já não respondia por si, apenas sorria com os olhos distantes e vidrados, não importava mais ali o que ocorria, apenas sorria com a sua vagueza. A criança ficou triste momentaneamente, mas, logo depois, como num lapso de consciência, notou que era para ser assim as coisas. O mar e a sua grandeza anil crepuscular cresciam, e o sol refletia mais baixo, já vermelho; a criança ali continuava a montar o castelo, não cansava, sentia os seus pés a água fria do mar. Bonito castelo construira, após terminar a sua obra, e terminar sua esperança, sentou ali perto; o mar crescia, e a sua obra material se desmanchava, não no ar, mas na água, toda sua riqueza foi sendo esvaída por essa força natural, a natureza possuía o direito e pegar o que é seu de fato, apenas seu. Não chorava a criança, apenas observava, o pai olhou nesse momento, desceu aquela inclinação natural das praias, cuja areia é moldada pelo o mar e o vento, sobretudo o vento, o rapaz, que era novo para ser pai, dirigia-se espontaneamente para a sua prole pela a primeira vez no dia, perguntou se o filho tinha fome, e resposta foi negativa; o pai subiu e voltou a sua diversão. Já a criança ficou ali observando o castelo se diminuindo, colocou as mãozinhas cobrindo o rosto, e pensou qual orgulho foi para o seu pai? As crianças que brigou, as pessoas com quem gritou, para proteger o castelinho. Mas não... e agora tudo se foi, levado, docemente, pela a maré.



Dedico esse pseudoconto a Marina, a pessoa que mais me estimula a escrever, se não houvesse o estímulo dela não existiria nada. Obrigado, Marina, um beijo para você!

domingo, 28 de junho de 2009

O escrever

Escrever é realmente um arte, há, de forma lamentável ou louvável, aqueles que se arriscam nessa atividade, em vão ou não, admiro tal ato de coragem dos outros, e com modéstia, o meu. O escrever, trazer ao papel/tela, uma série de pensamentos, idéias, medos, fugas é deveras complicado, surge a insegurança, o receio de seu texto ser aceito ou não, se nós, escritores (rá), devemos escrever de alguma forma especial, ou parágrafos grandes com períodos curtos ou não, enfim, creio que possa até ser inumerável a quantidade de questionamentos que surgem. Bem, após esse grande e metalingüístico diálogo, começo, aqui, uma série de discursos meus, pensamentos em vão, friso que essa é a minha grande certeza das minhas escrituras, o vão, já que esses textos são estéreos, vagos, ruins, contudo, tento chegar a profundidade, não sei a(s) qual(is), mas a minha sim, porém, mesmo assim, a maioria desses textos serão dedicados ao nada, e, por fim, explico a razão da existência deste sítio, o escrever; devo ressaltar que o escrever traz um alívio por dentro, a diminuição de uma gangrena, para os mais românticos, a distração do spleen, para os ultra-românticos, um grito de guerra, para os condoreiros, enfim, uma enumerabilidade de sinônimos. E todas as razões, assim como a minha, é a fuga através da arte.